14 julho 2011

O Espírito Santo disse-nos a verdade

“O ESPÍRITO SANTO DISSE-NOS A VERDADE”
Texto - João 16: 5-15
Pregador: Rev. John Vogt

Pregação do Rev. John Vogt
Reitor do Seminário Luterano de Santa Sofia (Ucrânia)
Fotografia: Ana Luísa Pinto
Não há Deus. Isso é o que algumas pessoas dizem. Todas as maravilhas à nossa volta são fruto do acaso.

Nenhuma mão toda-poderosa fez os milhares de milhões de estrelas. Elas fizeram-se a si próprias. A terra concebeu a sua própria gravidade para impedir que os oceanos caíssem para o sol. Os centímetros superiores da terra têm húmus, portanto as colheitas podem crescer. O facto de o ar ter apenas 8 quilómetros de espessura, exactamente a medida certa para sustentar a vida humana, é apenas um acaso. Os dinossauros só apareceram por acaso, e depois foram novamente deixados à sua sorte. Isso é o que algumas pessoas dizem.

A água expande-se quando se congela, enquanto outras substâncias se contraem. Isso faz com que o gelo seja mais leve que a água e o mantenha a flutuar sobre a superfície, capturando uma parte do calor existente no lago. Caso contrário, os lagos congelariam de tal maneira que nenhum peixe poderia sobreviver. Quem fez esta importante excepção às leis da natureza?

As nuvens trazem a chuva. Quem as ensinou como pegar a água fresca e levá-la aos lugares onde é precisa? O coração humano bate por 70 ou 80 anos. Como é que descansa o suficiente entre os batimentos? O rim filtra o veneno do sangue e deixa apenas as coisas boas. Como é que o rim distingue o bom do mau?

É tudo fruto do acaso, é o que algumas pessoas dizem. Bem, eu não tenho fé suficiente para acreditar nisso. Você também não. É por isso que estamos aqui num culto na Igreja para adorar a Deus. O Espírito Santo disse-nos a verdade. Ele disse-nos a verdade sobre o mundo pecaminoso. O Espírito Santo disse-nos a verdade sobre Deus, o Todo-Poderoso Criador, Sustentador e Salvador.

Jesus tinha vindo a preparar os seus discípulos para o que estava prestes a acontecer. Sexta-feira Santa e Páscoa estavam a aproximar-se, e quarenta dias mais tarde viria o dia da Ascensão e a partida de Jesus deste mundo. “Agora vou para Aquele que me enviou”, Jesus disse aos seus discípulos. Eles não gostaram do que ouviram, a tristeza encheu os seus corações. Eu acho que podemos facilmente entender o porquê. Durante três anos tinham sido companheiros de viagem com Jesus. Eles haviam desfrutado da sua companhia, e ele tinha cuidado das suas necessidades físicas e espirituais. Os discípulos tinham ficado muito alegres com os milagres e a esperança de um grande reino por vir. Jesus era um amigo íntimo e pessoal. Eles o amavam profundamente. E agora, com apenas 33 anos, Jesus disse que ia partir e voltar para o Pai Celestial. Foi uma triste notícia.

Mas Jesus tem palavras de incentivo para eles. Digo-vos a verdade: É para o vosso bem que estou indo embora. A menos que eu vá embora, o Consolador não virá a vós, mas se eu for, vou enviá-lo para vocês (7). Quando eu partir, vou enviar-vos o Espírito Santo. Ele virá para tomar o meu lugar na vossa vida, para preencher o vazio deixado pela minha partida.

Quando o Espírito Santo vem ao mundo, ele tem uma mensagem para trazer. Parte dessa mensagem é preocupante: Quando ele vier, convencerá o mundo de culpa em relação ao pecado e à justiça e ao juízo (8).

Se as coisas que ouvimos no noticiário todos os dias são desanimadores e perturbadoras para nós, imagine como estas coisas parecem aos olhos de um Deus santo. Podemos desculpar alguma maldade e tolerá-la porque nós também somos pecadores. Mas tudo o que Deus faz é perfeito, e ele só aceita a perfeição. Este mundo é muito perturbador para ele.

Como resultado, o Espírito Santo fala a verdade sobre o mundo e o seu futuro julgamento. A Bíblia diz: "Os céus e a terra estão reservados para o fogo, sendo mantidos para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). É só uma questão de tempo até Jesus voltar para julgar o mundo. O livro de Judas descreve o que esse dia significa para os ímpios: Eis que veio o Senhor com os seus milhares de santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram (Judas 14-15).

O Espírito Santo também nos diz a verdade sobre nós mesmos e o nosso mundo. Ele também fala para os dias de hoje. Não há ninguém que seja perfeito, nós todos pecámos e carecemos da glória de Deus. Todos nós merecemos o castigo de Deus.

O Espírito Santo repreende o mundo, mas ele faz isso por uma razão muito boa. Ele quer chamar as pessoas ao arrependimento. Ele quer que as pessoas percebem que precisam de perdão e, em seguida, voltarem-se para Jesus. E quando o fazemos, ele nos diz a verdade sobre Deus.

Voltando ao momento em que Jesus falou pela primeira vez no nosso texto, os discípulos estavam muito confusos e fracos. Isto ficou claro na Quinta-Feira Santa e na Sexta-Feira Santa. Eles negaram Jesus. Eles fugiram e o abandonaram, e então sentiram-se em desespero, achando que tudo estava perdido.

Mas não ficou assim. Jesus disse: Quando Ele, o Espírito da verdade vier, Ele vos guiará em toda a verdade (13). O Espírito Santo os ajudou a compreender que Jesus viveu a sua vida justa em seu benefício. Seu sofrimento e morte também eram necessários para eles. Ele morreu para que pudéssemos viver. O Espírito Santo ajudou-os a compreender que todo o Antigo Testamento com os seus incontáveis sacrifícios de animais estava apontando para o sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, na cruz. Ele morreu por nós! Pela fé, agora podemos estar diante de Deus porque fomos lavados no sangue de Jesus e vestidos com a sua justiça.

Li uma vez que, quando um cordeiro bebé morre ao nascer, os pastores tentam encontrar um outro cordeiro para a mãe cuidar. Mas a mãe sabe o cheiro do seu próprio filho e não quer nenhum outro. Então os pastores trazem para a mãe o cordeiro novo envolto na pele de cordeiro morto. A mãe, então, aceita o cordeiro como se fosse verdadeiramente o seu. Essa é a verdade de como tudo funciona com Deus. Estamos perante ele, vestidos com a justiça do seu Filho, Jesus Cristo. Porque o seu Filho morreu por nós, Deus aceita-nos como seus.

Quando o Espírito Santo vem para uma pessoa fala esta maravilhosa verdade de Deus. Ele diz a verdade sobre o que Jesus fez. Ele nos diz que Jesus ressuscitou como garantia de que nós também ressuscitaremos e viveremos para sempre. Ele nos mostra a futura glória do céu, que é nossa por meio de Jesus. Ele leva-nos a ouvir estas verdades maravilhosas e a acreditar nelas.

A história dos primeiros discípulos prova a verdade destas palavras de Jesus. No dia de Pentecostes o Espírito Santo veio para eles de uma maneira espectacular. Ele abriu a sua compreensão. Todas as peças se encaixaram, e deu-lhes a ousadia de proclamar e partilhar a verdade que eles já sabiam. Eles também compartilharam essa verdade por escrito, dando-nos os quatro evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, que registam para nós o que Jesus fez em nosso favor. Eles nos deram vinte e uma epístolas que explicam o significado da vida de Jesus e os seus ensinamentos. Eles nos deram um livro de profecias, o Apocalipse, que mostra o que ainda está por acontecer no nosso mundo. Sim, o Espírito Santo orientou os apóstolos em toda a verdade.

O Espírito Santo trabalha para nos conduzir também a toda a verdade. Os ensinamentos da Bíblia são loucura para a mente comum, para o modo pecaminoso e humano de pensar. Mas quando o Espírito Santo entra na nossa mente, os ensinamentos começam a fazer um sentido maravilhoso. O Espírito Santo muda a nossa mente e o nosso modo de pensar. Ele nos faz compreender e acreditar que Jesus Cristo é o Salvador e que todo aquele que nele crê será salvo. Ele nos faz pensar e nos leva a viver como Deus quer.

O Espírito Santo guia-nos em toda a verdade através da Bíblia. A Bíblia é a sua ferramenta para trabalhar a nossa fé e compreensão. Também é a sua ferramenta para nos confortar quando somos confrontados com problemas da vida e decepções.

Para muitas pessoas Deus é uma espécie de "Deus-numa-caixa." As pessoas estão contentes por ter essa caixa numa prateleira em algum lugar, para que possam dar uma olhadinha reconfortante para ela de vez em quando. Ficam satisfeitos ao pensar que, se precisarem pressionam o botão de emergência, e Deus saltará da caixa para o seu serviço. Para essas pessoas, é bom Deus ter por perto quando eles precisam dele - e é bom para pensar nele quando lhes apetecer.

Para outros, Deus é um "grande homem" que era muito poderoso no seu tempo, mas que não se pode esperar para acompanhar o progresso moderno. O "grande homem" é tratado com respeito e educação - olha como ele foi uma ajuda aos nossos antepassados! Mas ele não pode ser levado muito a sério nas complexidades e problemas da vida de hoje. E a sua Palavra? É demasiado simplista e antiquada para ser levada a sério por nós, modernos.

Mas, para outros ainda, espero que para cada um de nós, o Espírito Santo assegura-nos de que Deus permanece o mesmo Deus Todo-Poderoso, que criou o universo, que continua o mesmo Deus confiável, que tem preservado o universo ao longo de milhares de anos. O Espírito Santo nos assegura que Deus continua a ser o mesmo Deus amoroso que morreu por nós, o mesmo Deus carinhoso que nos chamou à fé, o mesmo Deus fiel, que sempre cumpriu as suas promessas.

Conta-se que um dia em que Martinho Lutero se encontrava desanimado, a sua esposa Katie lhe disse: "Martinho, Deus não está morto!”

Há um Deus, e ele não está morto! Esta é a nossa confiança e a nossa fé. O Espírito Santo nos levou a essa verdade e solidamente a plantou no nosso coração. Sabemos que Deus é tão poderoso, tão amoroso, tão benevolente, e tão sábio agora como nunca. Por causa desta verdade que o Espírito Santo nos levou a crer, nós louvamos a Deus. Por causa desta verdade, temos confiança na sua capacidade para cuidar de nós agora e para nos salvar eternamente.


Pregador: Rev. John Vogt
Igreja Luterana de Portugal, 12 de Junho de 2011
Paróquia Luterana da Santíssima Trindade
Capela do Rei Carlos Alberto – Palácio de Cristal, Porto

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